domingo, 26 de outubro de 2008

A vitória de Fernando Gabeira


Quero parabenizar o deputado Fernando Gabeira pela esmagadora vitória obtida nas eleições para prefeito da cidade do Rio de Janeiro. Com certeza o Rio de Janeiro, após essa brilhante vitória, volta a assumir a vanguarda do movimento político brasileiro.

O leitor (ou eleitor), obviamente, deve estar estranhando esta manisfestação ou achando este blogueiro um tanto desinformado. Relaxe leitor, estou em pleno gozo de minhas faculdades mentais e, é de posse delas, que explicarei o motivo de tamanho entusiasmo.

Revisitando o pouco da história política do país, arquivada em meu "HD Sensível", lembrei-me dos grandes nomes que marcaram nossa trajetória política com a marca da dignidade e da paixão. Embora eu tente não estabelecer comparações ou citar nomes, é inevitável não mencionar nomes como Rui Barbosa, Juscelino Kubitschek, Teotônio Vilela, Tancredo Neves, Ulysses Guimarães e tantos outros.

Entretanto, após a promulgação da Constituição em 1988, as campanhas políticas se enveredaram por um caminho perigoso, anulando todo o esforço que sociedade brasileira fez para restabelecer a democracia, após vinte e cinco anos de ditadura militar, colocando o país no enorme poço existente entre o discurso e a prática. A cada eleição, candidatos prometiam ao eleitor o que a melhor das democracias não poderia oferecer em tão curto tempo de mandato, embora saibamos que o dircurso político, em época de campanha, sempre se afasta do eixo da realidade e que isso acontece em qualquer democracia. Só que, às vezes, há um certo exagero dos políticos brasileiros.

Não satisfeitos com as promessas que certamente não serão cumpridas, os políticos começam
a lotear seu futuro governo com aqueles que o apoiaram, mesmo que esses defendam propostas totalmente opostas às suas promessas, e aqueles que mais contribuiram financeiramente para sua campanha. Vale ressaltar que o apoio popular, aquele que o colocou no poder, não fará parte deste loteamento.

Não preciso relembrar das dezenas de escândalos patrocinados por esses políticos em época de campanha, onde até presidente foi convidado a se retirar do poder pela porta dos fundos. Infelizmente custamos a aprender as lições que a política nos dá. A cada eleição o poder econômico e a relação de promiscuidade entre o político e o poder, vão embassando a visão que temos sobre ética e democracia.

Sou do tempo em que se fazia festinhas com grupos de amigos, simpatizantes e militantes partidários, para se angariar fundos para a campanha dos candidatos que apoiávamos, porque acreditávamos em suas idéias e sinceridade. Vendíamos camisetas serigrafadas, bottons e todo o tipo de quinquilaria que tivesse o nome do nosso candidato. Hoje vejo, com muita tristeza, pessoas humildes e desempregadas, aposentados e jovens sem oportunidades de trabalho, segurando imensos "outdores de mão", às vezes por mais de oito horas por dia, para ganharem uns míseros trocados. Certamente é desse empresário que financiou a campanha desse candidato, o dinheiro que sai para pagar esse batalhão de pessoas, que sequer acreditam no político para quem estão trabalhando.

É bem provável que esses pobres coitados, batam à porta da empresa desse empresário, após as eleições, à procura de emprego e lhes sejam negado uma oportunidade. Aliás, sempre tive curiosidade em saber porque um empresário colabora com o financiamento de uma campanha de candidato, ou vários deles. Não consigo imaginar o quanto já se arrecadou de dinheiro ao longo de todos esses anos de campanhas milionárias. O que posso afirmar é que esse dinheiro resolveria muitos problemas da cidade e do país como um todo.

Quando um candidato se propõe a fazer uma campanha não sujando as ruas, não fazendo acordos que comprometam sua administração, tendo cerca de oito mil voluntários dispostos a trabalhar em sua campanha e esse mesmo candidato, dedo em riste, dizer ao seu oponente que não faria de tudo o que fosse possível para se eleger, mesmo tendo recolhido nas ruas panfletos apócrifos em relação a sua pessoa, sinto-me na obrigação de, no mínimo, aplaudir esta postura e consagrá-lo o candidato vitorioso de fato, mesmo que não vitorioso de direito, pois foi uma vitória daqueles que ainda acreditam na ética na política, na democracia e nos valores duramente conquistados por nossa sociedade e que se igualam aos valores democráticos da maioria das nações deste planeta.

Até a trilha sonora da campanha de Fernando Gabeira foi uma coisa moderna. Falo isso com conhecimento de causa, não por ser um apaixonado pela música do meu país, mas porque até hoje tento tirar do meu "HD Sensível" aquela musiquinha: "O nome de é Moreira...., O nome dele é Moreira...", lembram? ...Pois é!

Gabeira, meu prefeito de fato, conte sempre com o meu apoio.

E durma o sono dos justos, cantando:

"Amanhã será um lindo dia...."